Arrisco-me a dizer que esta é a maior cifra já recebida pela Chapecoense, em uma pancada só, nestes 50 anos de clube. Os R$ 22,7 milhões, referentes à primeira parcela do contrato assinado pela Liga Forte União, foram depositados nesta sexta-feira (3).
Ao todo, serão R$ 94 milhões, com prazo de 18 meses para pagamento. Abaixo, você confere, na íntegra, a carta endereçada pela diretoria da Chape aos conselheiros:
Senhores conselheiros, boa tarde. Acreditem é uma BOA TARDE!
Em meados de maio de 2022, fomos convidados a participar de uma reunião capitaneada pelo presidente do Athletico Paranaense, Mario Petraglia. Ele estava liderando um movimento para a criação de uma liga alternativa a LIBRA. Foram mais de duas horas de reunião on-line. A partir dali inúmeras, incontáveis reuniões, presenciais e on-line. Para se ter uma ideia, desde outubro de 2022 as reuniões foram SEMANAIS. Em que pese o descrédito de muitos, sempre acreditamos e, principalmente, apostamos muito neste processo.
Vocês, conselheiros, confiaram e nos autorizaram a prosseguir na negociação. Os valores iniciais eram 26 milhões. Depois, com exaustivas e, às vezes, contundentes participações (teve um momento que o Avaí receberia o dobro que nós), os valores foram melhorando. Passaram para 48. Depois, 67, e finalizaram em 94 milhões.
Assinamos o contrato no primeiro semestre, tudo certo. Houve adiamento e um aditivo, passou para setembro. Novo aditivo.
Teve horas que nos deu muita angústia. Recentemente, nova maratona de reuniões, na CBF, depois em SP. Quando parecia tudo perdido aparece um novo player e banca a operação.
Novamente assinamos, novo aditivo, participamos da fundação de um condomínio da qual a CHAPECOENSE faz parte e, que escrevam, será o futuro do futebol brasileiro, e nós CHAPECOENSE hoje somos sócios deste processo. Um processo onde todos os times de séries A, B e C têm vez e voz.
No dia de hoje (sexta, 3) recebemos uma transferência bancária de 22.744.462,80.
Esses valores são FUNDAMENTAIS, para que possamos cumprir nosso plano de recuperação judicial. Temos que pagar a entrada das ações trabalhistas dentro do plano aprovado, o que já faremos em seguida. Toda a diretoria e eu (Alex Passos, vice de Administração e Finanças) em especial, estávamos com muita insônia e, às vezes, até apavorados, há tempos, por conta disto. Após este pagamento, teremos então mais dois anos e cinco meses de carência para voltar aos pagamentos. Ou seja, teremos mais tempo para nos organizar e para cumprir com nossas obrigações e procurar fazer um time competitivo, independente de série.
Mas, sem esses recursos que hoje chegaram, certamente cairia nossa RJ ou teríamos que achar um investidor de forma urgente e vender a Chapecoense para evitar o seu fechamento.
Esses recursos serão utilizados na sua maioria, 79% para o pagamento das famílias do acidente e aos credores trabalhistas.
Ratifico, conforme plano de recuperação homologado pela Justiça.
O resto dos recursos tem prazo de mais dois a três anos para pagamento e dependem de algumas ações que serão tomadas, principalmente junto à CBF, mas acho prudente não contar com eles antes de se ter uma clareza do futuro. Vou sugerir ao presidente do conselho (Gelson Dalla Costa) uma reunião on-line para quem quiser se inteirar, não só desta situação, mas de tantas outras que, infelizmente, pela correria absurda do dia a dia não conseguimos fazer chegar aos conselheiros, mas também importantes para o futuro do clube.
Senhores……. mais do que nunca ……. VIDA LONGA À CHAPE !!!!!
Diretoria 21/23
Fonte: Rodrigo Goulart